
Afinal, quanto vale hoje Portugal?
Os 872 anos da nossa existência como país, foram passados com muitas oscilações; mas nunca a “Marca Portugal” desceu a um valor tão baixo, como aquele em que nos encontramos neste momento.
A Nação portuguesa, atingiu o ponto mais elevado na era dos descobrimentos; mas foram precisos mais 250 anos, para que Portugal fosse considerado o país mais rico do Mundo; à atual geração e às próximas só lhes restará, viver na nostalgia daqueles “grandes tempos”.
Vamos atribuir um valor virtual de 1000 créditos a essa época, em que a nossa moeda era cunhada a ouro; e só os venezianos conseguiam rivalizar connosco.
Mas foi preciso esperar pelo reinado de D. João V para que os portugueses sentissem a verdadeira pujança de uma Nação rica e próspera; que emergiu na sequência de todo o esforço de quase 300 anos de odisseia marítima; começando a perde-los no reinado de D. José I que ficou tristemente marcado por intrigas palacianas, com traições e sexo á mistura; onde não faltaram bárbaras condenações que nos envergonham como um povo civilizado que fomos; como que uma punição vinda do mar, o terramoto de 1755 veio acabar por destruir o resto do que já estava em curso.
Quando D. Maria I subiu ao trono, Portugal tinha reduzido de 1000 para 400 créditos toda a sua riqueza; baixando para 200 com as guerras napoleónicas e peninsulares; tendo como consequência a fuga da família Real para o Brasil, que mais tarde estaria na origem de uma sangrenta guerra civil entre os irmãos D. Pedro e D. Miguel que deixou o país devastado, e num estado de pobreza de difícil recuperação. Foram anos de grande sofrimento para o povo português, que até à independência do Brasil nunca perdeu o orgulho e o patriotismo, nem uma única parcela do seu vasto território; que posteriormente sofreu um duro golpe com o ultimato inglês de 11 de Janeiro de 1890, que levou Portugal a endividar-se por mais de 100 anos; tendo sido a ultima “tranche” paga a 30 de Junho de 2011.
Foi naquele ano e na sequência daquele acontecimento, que Portugal perdeu os últimos dos 1000 créditos que chegou a ter; entrando no ano de 1892 já em campo negativo. A partir daí Portugal nunca mais deixou de contrair dívida; com a qual começámos gradualmente a perder a nossa independência; que conduziu mais tarde o país ao regicídio. A seguir foi o descalabro total, sendo a nossa participação no primeiro conflito Mundial uma tragédia nacional; que levou a um clima constante de conflitualidade com várias Repúblicas a sucederem-se umas às outras; acabando por descambar numa ditadura que levou Portugal para os 500 créditos negativos.
A perda da India em 1959, a que lhe seguiram todas as ex-colónias depois de 14 anos guerra, que transformou Portugal da década de 60 num país em fuga; que depois é colmatada com a vinda de Africa de 1.2 milhões de pessoas, na maior fuga desorganizada de todos tempos.
O impacto foi tal na sociedade portuguesa, que ainda hoje se sentem um pouco por toda a parte os seus efeitos. Portugal perdeu os 1000 créditos positivos, e presentemente conta com 1.500 negativos, pelo património alienado e a enorme dívida pública que contraiu; não existindo qualquer investimento que o justifique.
O orgulho e a opulência do nosso passado, marcaram a diferença com a pobreza e o descrédito do presente; o nosso país, que chegou a controlar os sete mares e cinco oceanos até o oceanário de Lisboa já vendeu.
Recentemente, desloquei-me ao “Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota”, onde prestei homenagem a todos os que tombaram no campo de S. Jorge em 1385; com toda a certeza, que os portugueses de hoje estão longe de merecer o sacrifício das suas vidas. Portugal já pouco tem a que se possa deitar a mão; quase tudo foi vendido a preço de saldo, e simultaneamente transformaram-nos na segunda maior hipoteca por capita de todo o Mundo; a nossa Bandeira é tão só, a única “coisa” com que nos possamos identificar.
De esperança perdida, sem perspetivas futuras e com os sonhos traídos; em poucos anos centenas de milhares partiram, porque já não sentem como seu este país; para trás deixam tudo, incluindo o desejo de algum dia regressarem.
* Joaquim Vitorino, Jornalista e Blogger
Nota do Autor: À Guigui e à Nonô, irmãs de (5 e 3 anos respectivamente) forçadas a abandonar o seu belo país, os queridos avós, e os amiguinhos da Escola, para irem integrar uma sociedade que em nada se parecerá com a nossa.
É a Elas em especial; e a todas as crianças portuguesas forçadas a emigrar, que dedico este meu Artigo-Crónica.