
A dívida portuguesa, por quem os sinos dobram.
A pobreza prolongada e a alta taxa de desemprego, são as principais responsáveis pela quebra da natalidade no nosso país; Portugal não vai conseguir inverter esta situação nos próximos 50 anos, porque foi habilmente acorrentado à dívida pública que nos catapultou para o fundo da Europa; e qualquer acordo que leve à reestruturação e mesmo redução da divida grega, nunca contemplará a portuguesa afirmou Christine Lagarde.
Esta afirmação categórica é o preço a pagar por Portugal ter sido até hoje um “excelente aluno” da professora Merkel e da Sra. Lagarde. A afirmação em si já é suficientemente humilhante e revestida de arrogância onde é notória uma ameaça velada aos portugueses com cenários dos bancos fechados a exemplo da Grécia, e a fome a pairar sobre aquela pobre mas orgulhosa Nação.
Esta situação está a atingir o extremo, e a partir daqui tudo poderá acontecer.
A deselegância com que o ministro Alemão tratou o novo ministro das finanças grego a quem tratou por “tu” várias vezes, é sintomático de que apesar da idade e de ter nascido durante a segunda guerra Mundial que o seu país provocou não aprendeu ainda a lição; e nem sequer tem a clarividência para medir as palavras e perspetivar o que pode estar em causa num espaço curto de tempo.
Mas o ministro alemão não está só, porque conta com o apoio de um ex-primeiro ministro belga e de dois holandeses de peso; o presidente do euro-grupo e o ministro das finanças daquele país, que tiveram a felicidade de terem nascido depois da guerra, onde o seu país foi simplesmente anexado pela Alemanha.
Portugal está com a economia praticamente estagnada e parou no tempo; as notícias aparecem às “pinguinhas” ora sobe uma décima ora descem duas; e a oposição entra neste “joguinho de ping-pong” enquanto o país “definha” a olhos vistos.
O resultado pode ser visto nos aeroportos e nas fronteiras terrestres, onde diariamente se vê os nossos jovens em fuga, provocando o envelhecimento da população que fica.
Mas isto é só o começo, porque quando a fome começar a apertar só cá fica a 3ª idade entregue à sua sorte; com a sustentabilidade das magras reformas que recebem em situação de alto risco; é um cenário igual ao grego só que muito mais grave; porque os nossos políticos não têm coragem para assumir perante os credores que a divida pública portuguesa onde “apostaram” o seu dinheiro, é insustentável porque nunca “jamais” vamos conseguir produzir riqueza para a pagar; mesmo que condene à fome as próximas 6 gerações (150) anos.
O Sr. António Costa tem que dizer imediatamente aos portugueses (porque aquilo que pensa o Sr. Passos Coelho todos nós sabemos), se vai ou não pedir a reestruturação da dívida como uma prioridade Nacional sem a qual, o nosso país cairá irremediavelmente no subdesenvolvimento de onde dificilmente vamos conseguir sair; porque não podemos contar com os mais qualificados, que estão a ser forçados a sair em massa do país; ou se António Costa prefere continuar com a asfixia da austeridade, que é o caminho certo do atraso e da pobreza, que recentemente recebeu uma forte recusa do povo grego, que deixou um alerta e exemplo a todos os países; em especial a Portugal, por quem os sinos dobram” neste trágico momento.
A nossa viagem no caminho da Grécia entrou em contagem decrescente; e os portugueses que estão empenhados em retirar definitivamente o seu país do fundo da Europa, porque é sem sombra de dúvida o lugar onde nos encontramos, têm que apostar tudo na cidadania porque nenhum dos atuais partidos têm correspondido às espectativas e justos ansejos do povo português.
Os casos de desonestidade e corrupção no exercício de funções públicas, marcaram negativamente a confiança que os portugueses têm nas classes políticas; tendo como única alternativa a aposta na cidadania, que está recheada de “gente honesta e competente” a quem devemos dar uma oportunidade.
A democracia portuguesa foi durante anos minada por muitos que se serviram dela, onde é evidente a falta de maturidade dos portugueses na rigorosa avaliação de quem escolhem para os governar; muitos foram bem escolhidos porque são pessoas honestas, mas depois de eleitos não tiveram coragem para varrer o que tem infestado o aparelho do Estado, onde se mantêm o tabuleiro das influências que continua a empobrecer o nosso país; que em poucos anos empobreceu a sua população, alienou quase todo o património, e crivou-se com uma monstruosa dívida pública.
* Joaquim Vitorino
Jornalista/Cronista e Blogger