
Portugal ocupa o primeiro lugar “per-capita” de cidadãos que vivem fora do seu país, quase dois milhões 1/5 da sua população; neste momento é portuguesa a elite da migração Mundial, com a percentagem de licenciados a ocupar este “orgulhoso” mas preocupante lugar, porque terá um efeito devastador na recuperação do país a todos os níveis.
Os Professores e pais de alunos, e sobretudo os partidos da oposição andam muito preocupados com o ensino médio-superior; enquanto deixam para trás o mais importante, que é o destino a dar ao nosso produto acabado nas Universidades e Politécnicos.
A fuga de “cérebros” de Portugal para os países ricos da Europa, e também para a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes estão a atingir proporções alarmantes; sendo urgente estancar esta “hemorragia” de gente altamente qualificada e com vontade de trabalhar; de quem se esperava um valioso contributo para nos levantarmos de novo.
Uma notícia recente, alertava que diretores hospitalares da Arábia Saudita e Reino Unido estão a caminho de Portugal para contratar médicos, enfermeiros e radiologistas.
A curto prazo a situação vai agravar-se, porque existe carência destes profissionais um pouco por todo o país; na sua esmagadora maioria foram formados com os dinheiros da dívida pública, que terá que ser paga por aqueles que necessitam dos seus serviços.
No entanto, esta a que se pode chamar uma tragédia que nos tem empobrecido, apresenta um lado compensador que nos deixa cair numa certa vaidade; a classe emigrante portuguesa é de longe a mais distinta de todas as outras; onde os novos emigrantes, e as duas gerações de descendentes do salto nas décadas de 60 e 70” são dos mais cultos de todos os portugueses de sempre, e encontram-se no topo a níveis de escolaridade média-superior, que ultrapassa de longe a europeia e duplica a residente no país.
Esta elite da nova emigração, a que se juntam os filhos de muitos dos que nos deixaram há mais de 40 anos, elevam o estatuto dos nossos emigrantes um pouco por toda a parte; desde Banqueiros ao serviço de grandes Bancos no estrangeiro, à investigação e ao desporto, e altos cargos em instituições internacionais, os nossos emigrantes são a coqueluche do momento; levando o nosso país a ser o mais “badalado” dos pequenos Estados, que prestam serviços além das suas fronteiras.
O motivo dos portugueses se afirmarem fora de portas e de internamente sermos o mais atrasado, inculto e mais pobre de toda a União Europeia, tem as causas mais que identificadas; cabendo a culpa inteiramente aos portugueses que vão deixando que os outros decidam pelo seu futuro e de seus filhos; ao não participarem ativamente na política do seu país, para dar legitimidade acrescida a quem o vai governar; o que rotula a nossa “democracia” como a menos participada e a mais inculta da Europa; onde o mais preocupante é a escolaridade média em Portugal, que se situa muito atrás da média europeia que ronda os 76%; versus a portuguesa com apenas 43% que é a mais baixa dos 28 países da União; com a agravante da nossa ser do mais baixo rendimento como é do conhecimento de todos; situação que se vai agravando exponencialmente com a saída daqueles que a podiam melhorar.
Este desmoronar do nosso país tem os seus culpados; todos nós sabemos, que esses não saíram de Portugal em busca de vida melhor porque já a têm aqui; eles pertencem às elites políticas que ajudaram a “demolir” o que de mais importante existe numa sociedade que é o conhecimento; e só com ele se pode atingir a riqueza e o bem-estar das populações.
Alguns até podem afirmar que não contribuíram para o estado de calamidade em que nos encontramos; mas a verdade é que sempre alimentaram as “suas hostes” no descontentamento; eles sabem que no dia em que a pobreza for erradicada, ditará o fim desses partidos ou grupos, que vivem há 40 anos ao sabor romântico da euforia revolucionária; e nunca por uma questão de coerência se deve entregar o voto, a quem ajudou a destruir o país.
Não obstante não concordar com muitas das decisões deste governo, não o poderei acusar de não ter tentado tirar Portugal do fosso onde outros o deixaram cair. Os portugueses, certamente que ainda lhes resta alguma memória; que vai ser necessária e determinante, nesta fase crucial que Portugal atravessa.
* Joaquim Vitorino, Jornalista
Nota: Só em 2013, a avalanche de migrantes portugueses na Europa ultrapassou os 120.000; número que Bruxelas estabeleceu como máximo, para aqueles que procuram refúgio nos 28 países da “desunião europeia”.
OBS: Aos migrantes de todo o Mundo; em especial crianças, que em condições desumanas são obrigadas a caminhar milhares de quilómetros em busca de proteção; para depois enfrentarem a polícia de choque de alguns países, e serem obrigadas a voltarem para trás.