
Bijagós
Um arquipélago a descobrir na Guiné – Bissau
O arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, pode ser um retrato de um paraíso, digno de capas de revistas de viagens e de inúmeros postais, um tesouro a descobrir na costa ocidental do Norte de África.
Em pleno Oceano Atlântico encontramos uma pérola rara e pouco conhecida, este conjunto de ilhas é área protegida pela UNESCO desde 1996, com o estatuto de reserva ecológica da biosfera.
O país divide-se em duas componentes: uma parte continental, com uma extensão contígua de ilhas e uma parte insular que é composta por mais de 88 ilhas e ilhéus, sendo 20 destas ilhas habitadas de forma permanente.
Separa -se da parte continental pelos canais que dão pelo nome de Geba, Pedro Álvares, Bolama e Canhabaque e é caracterizada pela paisagem pintada de palmeiras com largas extensões.
Os Bijagós contam com um total de superfície de cerca de 1500 km2.
O clima húmido e quente é uma constante durante o ano, variando pouco a temperatura consoante as duas estações, a seca e a húmida, considerado um clima tropical.
A ligação ao continente faz-se através de um barco de carreira, barcos particulares ou de avioneta, para a ilha de Bubaque, uma das mais movimentadas.
Os canais são estreitos e há que respeitar todo o sistema e ecossistema das ilhas.
Rico no seu tecido étnico e social, o povo guineense resulta de um lento e secular processo de aglutinação étnica e das suas características.
Atualmente a distribuição populacional pelo território da Guiné-Bissau, irregular na sua distribuição, encontra maior expressividade nas seguintes etnias: Balantas, Fulas, Mandigas, Manjacos, Papéis, Felupes, Brames, Beafadas e Bijagós, existindo outras em menor percentagem. Outros aspetos sobre estas etnias serão abordadas nos próximos artigos.
Como todas as etnias, os Bijagós são caracterizados pelo seu sistema social tradicional, costumes e cultura muito próprios, a sociedade é marcadamente matriarcal.
As ilhas são consideradas, sagradas, onde se respeitam as lendas e praticam se diversos rituais como no nascimento, nos casamentos, nas cerimónias fúnebres, nas festividades ou oferendas aos irãs (espíritos ou divindades). São os mitos ancestrais que têm permitido o equilíbrio e a harmonia entre o homem e a natureza.
O povo dos Bijagós é desta forma maioritariamente animista, praticando no seu quotidiano os seus credos tradicionais, o que mantém uma forte organização tradicional e permite assim a conservação da fauna e flora pelo respeito que impera pela natureza, neste local de paraíso na Guiné-Bissau.
Os homens aqui trabalham e as mulheres exercem o poder.
A rainha sempre foi uma figura de autoridade e respeito até quando este território outrora pertencente administrativamente ao reino de Portugal as negociações e transações comerciais eram feitas de no mar.
A pesca, a agricultura e alguma pecuária são as áreas de trabalho mais comuns para o sustento das denominadas tabancas, as aldeias.
Por aqui não se passa fome, o arroz nunca falta e as extensões de mangais e outras árvores de fruto e plantas comestíveis colmatam a fome, bem como o peixe.
Este mar é rico em variadíssimo tipo de peixe. As embarcações tradicionais, as pirogas, ainda são utilizadas, mas foram superadas por lanchas rápidas e outro tipo de embarcações.
A pesca ilegal é proibida, existem poucos meios de controlo, mas as autoridades governamentais e locais como os régulos e os responsáveis pelas tabancas desde cedo educam os bijagós a respeitarem a mãe natureza e a conservá-la.
Desta forma vai-se travando com o esforço de várias entidades que não se percam as riquezas naturais destas ilhas preciosas.
Esta reserva natural é pontuada por alguns hotéis, sendo alguns considerados de luxo que atraem um número considerável de turistas .
Muitos europeus são atraídos pela oferta natural destas ilhas.
Desde a pesca, peixe pequeno, médio e grande porte, existem cerca de 155 espécies, onde amigavelmente se disputa o maior peixe, à observação de dezenas de espécies de aves.
Pode-se contemplar a natureza em estado puro, como nas ilhas de Orango ou João Vieira, onde se podem observar animais como os hipopótamos marinhos ou a maior população de manatins desta zona geográfica.
Na ilha de Poilão todos os anos milhares de fêmeas de tartarugas – verdes que vão colocar os seus ovos na praia, um dos pontos principais da desova nesta região de África.
Parte do arquipélago encontra-se protegido por estar em zonas onde o ecossistema é preservado. Cerca de 20% encontra-se em zonas protegidas como as do Parque Nacional Marinho João Vieira – Poilão, Parque Nacional de Orango e Área Protegida Comunitária das Ilhas de Urok.
O artesanato, a arte,
O artesanato, a arte, nomeadamente a estatuária, máscaras, panos e roupas tradicionais são produzida por homens e são criadas com base nas raízes da estética africana conjugadas com a originalidade e autenticidade da cultura dos bijagós.
A gastronomia tradicional bijagó, intimamente ligada aos rituais religiosos, imprime em cada prato um carácter simbólico.
A base da sua culinária são o arroz, o feijão, o amendoim, comumente conhecido como mancarra, o óleo de palma , peixe, marisco e moluscos.
Destacam-se o caúdo, um tubarão pequeno, a raia , as ostras e os caranguejos, o lingueirão e o combé, uma espécie de concha.
A galinha é utilizada em cerimónias tradicionais, a carne mais apreciada é a de porco e a de vaca.
Por norma os utensílios utilizados são confecionados de forma artesanal e com as matérias – primas locais.
O hotéis instalados nas ilhas, os mais conhecidos, nas ilhas de Rubane e de Bubaque, respeitam a forma de construção típica das ilhas, e são procurados praticamente todo o ano. Apresentam um serviço de qualidade onde se pode relaxar, ver a cultura local, dormir no meio da natureza e desfrutar de tudo aquilo que estas ilhas da Guiné-Bissau têm para oferecer.
No passado Sábado dia 4 de Março, realizou-se em Bissau, no Hotel Azalai – 24 de Setembro, situado numa antiga messe dos oficiais portugueses, hoje transformado numa unidade hoteleira, pelas 20h o lançamento oficial, pelo Ministério do Turismo e do Artesanato da Guiné-Bissau, o logotipo do turismo deste país.
Este ano, 2017, é considerado em Portugal como um dos destinos turísticos de eleição indicado por operadores turísticos portugueses.
Quem por aqui tem passado, alguns vultos conhecidos internacionalmente referem-se aos Bijagós como as Caraíbas de África, apenas a quatro hora de Portugal.
Infra encontra-se a denominação do site lançado conjuntamente com o logotipo do turismo da Guiné-Bissau onde pode obter mais informações.
Bem hajam!
- Com Patrícia Brighenti em Bissau, Correspondente do nosso jornal
www.discoverbijagós.org
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