O Segredo mais bem guardado da República

Foi a 13 de março de 1907 que nasceu em Lisboa a Princesa Maria Pia de Bragança de Saxe-Coburgo-Gota, a legitima sucessora ao trono de Portugal, por morte prematura em 1932 do seu meio-irmão D. Manuel II.

O acontecimento teve lugar há precisamente 110 anos.

A existência de uma herdeira legítima ao trono de Portugal, foi durante décadas um dos segredos mais bem guardados da República.

Desde o regicídio, que dois anos mais tarde culminou com a partida para o exílio de D. Manuel II, que a única herdeira da Casa de Bragança constituía um incómodo para a República.

Vamos compreender na perspetiva da República, o perigo da existência de D. Maria Pia de Bragança, no momento em que o povo português definhava na pobreza total.

 A forte personalidade e inteligência da legítima pretendente ao trono, e que estava motivada e decidida a resgatar Portugal da terrível pobreza e descrédito em que a Nação tinha caído, era um incómodo para o Estado Novo que exigia muita cautela.

 A ascendência Real da (filha e irmã) dos últimos Reis de Portugal não deixava dúvidas à República; mas um acontecimento em Espanha, iria complicar a determinação de D. Maria Pia em obter apoios para devolver aos portugueses a dignidade de um povo, que em tempos foi respeitado em todo o Mundo.

Para além da ilegitimidade que tinha, porque foi através de um assassínio que os republicanos chegaram ao poder, teriam que enfrentar sérios riscos face a quem tinha a coragem e a determinação, para reverter a situação a favor de uma urgente reposição da monarquia.

Mas um acontecimento grave teve lugar em Espanha, o que levou D. Maria Pia a tomar grandes precauções, chegando várias vezes a temer pela própria vida; o seu protetor SM Alfonso XIII foi deposto, e forçado ao exílio em 1931.

  1. Maria Pia, abrandou temporariamente a luta; e enveredou pela carreira Jornalística para sobreviver, onde depressa chegou à celebridade no Mundo mediático.

 O seu afastamento temporário da Europa, por motivo de um casamento com um latino-americano, também não beneficiou muito a causa que sempre defendeu.

Depois da morte de D. Manuel II em 1932, e de SM Alfonso XIII em 1941 ambos no exílio no Reino Unido e Itália respetivamente, D. Maria Pia ficou praticamente só; até porque, muitos foram os reinos que se desmoronaram durante a segunda Guerra Mundial, sendo reforçadas algumas ditaduras como em Portugal e Espanha.

S.A.R. Dona Maria Pia, Duquesa de Bragança

S.A.R. Dona Maria Pia, Duquesa de Bragança

Esta situação foi habilmente aproveitada por D. Nuno Duarte Pio, que pediu à influente família Melo de quem era amigo, que interferisse junto de Salazar, para que este permitisse que ele e a sua família viessem para Portugal o que aconteceu.

Salazar ficou assim a salvo, de que qualquer pretendente ao trono lhe fizesse sombra.

Toda a atuação dos Pios durante o Estado Novo e até aos nossos dias, foi nunca denunciar o caudal de pobreza, subdesenvolvimento, divida pública, alienação de património  em que a República colocou Portugal e os portugueses; que durante 107 anos de regime, obrigaram às 3 maiores ondas de emigração em tempo de paz; 1918/1928 – décadas de 60 e 70 e recentemente  entre 2008/2017 onde mais de 650 mil portugueses tiveram que procurar trabalho além fronteiras; sendo esta a maior vaga de emigração de jovens licenciados de sempre em todo o Mundo.

A emigração em massa tem deixado Portugal mais frágil, e sem condições para poder recuperar a sua economia, suportar a dívida pública, debelar a pobreza e promover o bem-estar dos portugueses.

Hoje, o futuro dos jovens é sair do país; onde a médio prazo terá um efeito devastador no envelhecimento dos portugueses; onde os idosos já ultrapassam em número, as crianças e os jovens no seu conjunto.

Os portugueses foram deseducados pela República, no sentido de não quererem o regresso da Monarquia e, durante dezenas de anos foram despojados da verdadeira História de Portugal; sendo que, apenas um em cada 10.000 portugueses, sabe existir mais concorrentes ao trono para além de D. Duarte Pio; e este, nunca jamais o poderão imaginar como Rei de Portugal.

No atual contexto, resta aos pretendentes lutarem nos tribunais internacionais pela causa que defendem, e não pelo poder.

Um povo pouco letrado, desinteressado, e que ignora a sua História será sempre pobre; tem sido esta a marca indelével, de 107 anos de República em Portugal.

Joaquim Vitorino

Joaquim Vitorino

  • Joaquim Vitorino, Jornalista, Blogger e Director – Adjunto do Jornal de Vila de Rei
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