Cacheu, uma cidade histórica
A cidade de Cacheu, na Guiné-Bissau, foi a primeira capital da Guiné Portuguesa e um importante porto de escravos da África Ocidental
Situada a noroeste da Guiné-Bissau, possuí um parque natural e fantásticas paisagens compostas por florestas, savanas e parte do Rio Cacheu.
Um rico e diversificado tecido étnico constituído pelas etnias Felupes, Baiotes, Manjacos, Cobianas, Balantas e Banhus permite a conservação e preservação da cultura local, bem como da natureza e da sua biodiversidade.
Estas comunidades habitam sobretudo no
Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, este conta com cerca de 28 000 habitantes.
Terrafes
Na sua maioria animistas, estas populações gerem o espaço com os rituais próprios da sua cultura, as florestas têm um cariz sagrado, onde as grandes árvores que rodeiam as aldeias estão conotadas com os espíritos, que muitos julgam nelas habitarem.
Em termos económicos, para além do pouco artesanato e turismo existentes nesta zona, estas comunidades vivem sobretudo da agricultura, exploram nas florestas recursos como o mel, frutos silvestres, vinho de palma e algumas plantas medicinais.
O país é conhecido pelos mangais que possui, e estes são considerados como o maior conjunto de mangais da África Ocidental.
O mangal devido às suas características, por ser composto por tarrafes, que sobrevivem na água salgada, gera vários componentes interessantes como a reprodução de peixes e crustáceos.
Têm a capacidade de protegerem a costa da erosão e prima pela biodiversidade.
Existem várias espécies de aves (mais de duas centenas), podem-se encontrar crocodilos, macacos, lontras, manatins, hipopótamos.
Factos históricos
O
forte militar foi construído pelos portugueses no ano de
1588, era um relevante ponto de controlo do tráfico de escravos na região.
Forte militar
Para além da vista podemos observar alguma estatuária.
Nuno Tristão ou Honório Barreto são dois dos vultos históricos aqui representados.
O primeiro denominado descobridor da Guiné e o segundo o primeiro governador de Cacheu de nacionalidade guineense.
O
Memorial da Escravatura e do Tráfico Negreiro, é um espaço cultural, museológico e de investigação que surgiu da reabilitação de uma área edificada e que se encontrava em ruínas, constituído pela antiga
Casa Gouveia e posteriormente os
Armazéns do Povo.
Museu da Escravatura
Foi inaugurado em Julho de 2016, surgiu de uma iniciativa da
AD ”
Ação para o Desenvolvimento“, contou com o apoio financeiro da União Europeia, e com o apoio de várias organizações locais e estrangeiras como a ONG italiana
AIN ou a
Fundação Mário Soares que enviou dois técnicos para a reabilitação arquitectónica.
Fotografia no interior do Museu
O espaço museológico compreende um espaço térreo e um primeiro andar onde a museografia destaca a exposição permanente com painéis ilustrados com textos e imagens colocadas cronologicamente acompanhados de vários objetos expostos tais como instrumentos de tortura e privação de movimentos dos escravos.
Caldeirão para preparar comida de escravos
Este equipamento cultural encontra-se aberto à comunidade e tem actividades dirigidas às escolas, jovens, associações, idosos ou investigadores nacionais e estrangeiros.
O Complexo tem uma loja, um espaço museológico, um arquivo e um centro de documentação, o auditório, o centro de estudos e pesquisas e o centro de formação e alojamento foram previstos para receber a comunidade científica como os investigadores.
Parte ainda está a ser ampliada neste sentido, o de suportar os trabalhos académicos e de investigação.
Curiosidade : “O Arroz de Mangal “
A orizicultura de mangal tem toda uma logística e processo produtivo complexo.
É considerada uma prática cultural e foi levada ao “Novo Mundo ” pelos escravos guineenses.
As etnias que ainda praticam este tipo de produção são os Balantas e os Felupes.
Esta técnica consiste no cultivo de arroz na lama salgada dos mangais.
São levantados diques, por forma a separar as parcelas e isolar as mesmas da água do mar.
Os sulcos têm uma profundidade considerável servindo como reservatórios de água doce das chuvas.
Com as chuvas o solo é dessalinizado e é feito o transplante.
A mão de obra é sobretudo masculina, a colheita é realizada à mão, espiga por espiga.
* Com Patrícia de Sousa Bastos, Correspondente em Bissau
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