A Casa dos Segredos; Assembleia da República.

É humilhante para não dizer uma ignomínia, para quem representa o povo na casa da democracia; a tentativa do financiamento dos partidos aprovado quase em segredo nas vésperas de Natal, como que de um presente próprio se tratasse; e chegou ao conhecimento público, porque o CDS (desconfiou) que a lei não passaria em Belém, por isso votou contra; para provavelmente, tirar dela alguns benefícios políticos no eleitorado do PSD.

Quase em secretismo os partidos reuniram na Assembleia da República para aprovar uma lei que não encaixa na situação em que a maioria dos portugueses vivem;  sendo o documento no contexto atual inaceitável, porque ainda está muita gente a sofrer com a tragédia que nos atingiu há seis meses; constituindo uma afronta aos portugueses, que durante 10 anos sofreram as maiores privações impostas em nome da crise, que foi avolumada com inúmeros casos de corrupção, falências fraudulentas de Bancos e escalada da dívida pública, que as crianças portuguesas terão um dia que pagar; a maioria delas ainda não nasceram.

Portugal é um país desmesurado em quase tudo, restando pouco que venha em nosso abono; temos a maior dívida per capita, a maior taxa de analfabetismo, a menor taxa de crescimento demográfico, por não existirem condições para um projeto de crescimento das famílias, a maior taxa de corrupção, o pior sistema judicial europeu, em que a única solução encontrada para descongestionar os tribunais é fecha-los, ou arquivar centenas de milhares de processos, que são substituídos na proporcionalidade em que outros novos vão entrando.

Portugal tem a pior saúde, e a mais longa espera para uma pequena intervenção cirúrgica; somos a economia mais débil da Europa, que nos coloca nas “franjas” do terceiro mundo; e estamos a revelar um dado novo; os portugueses estão a tornar-se num povo violento, uma novidade com que a pobreza nos mimou, e com que somos confrontados todos os dias.

Não obstante nos últimos dois anos se terem verificado algumas mudanças para melhor, Portugal ainda continua com o futuro hipotecado; deixando que a emigração vá resolvendo a altíssima taxa do desemprego, levando para fora do país os nossos melhores cérebros; que transportam na bagagem alguma educação que nos ia restando, a que se junta a maior quebra da natalidade na Europa; a maior de sempre no nosso país, que não havendo reposição de “sangue novo”, transformou Portugal num banco de idosos a apanhar sol nos adros e jardins das suas aldeias e cidades.

A dívida pública mais que triplicou nos últimos anos, toda ela foi contraída em nome do desenvolvimento económico do país; todos os resultados até ao momento são zero, e muitos dos setores da nossa atividade até regrediram.

São esperados mais uns milhões para o desenvolvimento económico para os próximos anos; dinheiro que tem que ser pago com juros, e que terá o mesmo destino que os 78.000 milhões que entraram em Portugal, logo a seguir ao resgate “acionado pelo Partido Socialista” e assumido pelo PSD; e que ao certo ninguém sabe para que serviu  grande parte desse dinheiro, transformando a dívida portuguesa num absurdo; porque em nada beneficiaram, ou vão beneficiar com ela as crianças portuguesas que a terão que pagar.

Portugal não tem um projeto de desenvolvimento que justifique a dívida brutal que tem; não conseguindo estancar a fuga de licenciados que continuam diariamente nos aeroportos de mala aviada.

Quanto ao plano para um desenvolvimento sustentado do país é uma roleta russa; em que a única certeza, é que nos próximos anos vai haver mais umas dezenas de milhares de pobres, e umas centenas de milionários.

Passados seis meses da destruição pelo fogo de grandes áreas do nosso país, a Assembleia da República ainda não reuniu com a particular intenção, do urgente repovoamento humano e florestal que se não for urgentemente feito, toda uma vasta área de Portugal ficará definitivamente num deserto.

Lamentavelmente, a Assembleia da República não podia fechar pior o ano de 2017; aquele também vai ser recordado, como o mais devastador em área ardida e perda de vidas.

Joaquim Vitorino

* Joaquim Vitorino

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