Alternativa à Esquerda
- Joaquim Vitorino, Jornalista, Director do Jornal de Vila de Rei
Foram as palavras ditas pelo Presidente eleito do PSD quando tomou posse; ele não hostilizou a atuação do atual governo, mas constituiu-se como uma alternativa democrática e responsável, para retirar Portugal da injusta e inaceitável situação de pobreza, em que a maioria da população se encontra.
Os portugueses são um dos três povos mais pobres e subdesenvolvidos da Europa; nos últimos 7 anos tiveram que pagar 13.000 milhões de euros de prejuízos da banca privada, colocando o nosso país numa rota de pobreza de longa duração; mas esta será apenas uma das muitas causas com que podemos identificar o ciclo de pobreza que atingiu Portugal, quando estavam reunidos todos os condicionalismos para termos saído dela. O Líder dos (Sociais Democratas) Rui Rio, deixou no discurso de vitória uma ténue esperança para por fim a esta vaga de pobreza que atingiu o povo de Portugal; onde as principais vítimas são as nossas crianças e idosos.
A situação económica portuguesa, não obstante alguns indicadores recentes continua a ser bastante grave; é preciso que se fale aos portugueses com toda a clareza, para que não fiquem entorpecidos pela notícia de que estamos a sair da crise.
Os dados seriam animadores se fossem baseados em crescimento sólido, com garantia inequívoca da sua continuidade; mas o nosso crescimento está condicionado aos juros e liquidação da dívida pública, e com diversos problemas estruturais na economia portuguesa onde o investimento do Estado é praticamente nulo; a que se juntam os fracassos sucessivos dos últimos governos em políticas de crescimento que como consequência, tem levado o país ao recurso e dependência da dívida pública.
Portugal sustentou o esforço de uma guerra no ultramar durante 14 anos, sem recorrer a este escandaloso endividamento; tendo forçosamente que existir uma razão que justifique esta galopada do recurso à divida, incomportáveis para um país que luta por condições de sustentabilidade.
As nossas Universidades, estão a formar quase exclusivamente para a emigração, deixando o país mais pobre em literacia, e enfraquecendo a reposição demográfica que atingiu um nível alarmante; onde no interior do país existem 300 pessoas idosas por cada 100 crianças e jovens no seu conjunto. Portugal continua em fuga; e o recurso à emigração é a única saída para muitos portugueses, que também transmitem aos filhos e netos que será este o seu futuro. Rui Rio deu a entender na tomada de posse, que se não ganhar as próximas eleições encara a possibilidade de viabilizar um governo do PS, se for em benefício de todos os portugueses; acabando com a coligação de esquerda para que o país descole da pobreza, e para que Portugal possa cumprir os seus compromissos.
Muitos portugueses, tiraram benefícios da calamidade social a que o país chegou; e a crise económica e financeira, não foi a única causa da situação a que chegámos; sendo a mentalidade consumista que se enraizou na nossa sociedade de difícil inversão, porque passou muito tempo ao lado de quem a poderia ter corrigido.
Nos últimos anos assistimos a uma nova elite de ricos com fortunas meteóricas inexplicáveis; em algumas delas, os seus titulares passaram pelo exercício de cargos públicos, enquanto a maioria dos portugueses chega ao fim do mês com uma promessa; têm à sua espera, o salário mais baixo da Europa.
Vou deixar aqui um exemplo de uma verdadeira democracia; a Holanda tem mais 5 milhões de habitantes que Portugal, sendo um dos países mais ricos da União Europeia e tem 150 deputados versus 230 da Assembleia da República portuguesa; 60% dos seus membros deslocam-se de bicicleta para o Parlamento, e os restantes por meios próprios.
A Constituição portuguesa está cheia de imprevisibilidades; porque se assim não o fosse, as funções cumulativas com a de deputado nunca se justificariam; sendo a última tentativa de financiamento dos partidos injusta, inadequada e inoportuna, face à situação em que vive a esmagadora maioria dos portugueses.
O Dr. Rui Rio (Líder do PSD), poderia ter sido mas já se compreendeu que está longe, de ser uma esperança para que Portugal cumpra com os seus cidadãos, o que eles esperam de uma verdadeira democracia; e talvez que para isso, tenha que ser alterada a Constituição da República; o que no quadro político actual é de todo impossível, porque choca com muitos dos interesses de quem a poderia rever.
O atual regime bloqueou-se, e empobreceu Portugal na Constituição que defende; não deixando espaço à cidadania e a outras alternativas, como é o caso do Artigo 288 – alínea B entre outros, que deveriam ser anulados ou revistos.
* Joaquim Vitorino
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