Como tudo começou

 

A queda do Muro de Berlim em 1989 foi um marco histórico que permitiu a reunificação alemã em 1990. EUA, França, Inglaterra e Rússia eram as quatro potências com forças militares ocupantes da Alemanha, conforme os tratados de Potsdam.

As potências ocidentais contactaram Gorbachev para debater os termos da reunificação alemã. Gorbachev terá aceitado a retirada das tropas com a condição de que não haveria extensão da NATO até às fronteiras russas. Para garantir a aprovação soviética da Alemanha unida, foi acordado que tropas estrangeiras e armas nucleares não seriam estacionadas na Europa do leste. Contudo, nenhum tratado foi celebrado, e o teor das conversações é muito debatido; segundo historiadores, parece ter havido alguma ingenuidade de Gorbachev, centrado na evolução interna da URSS. Entre os russos que evacuaram estava o coronel Putin, do KGB em Dresden. Um ano depois, após o golpe falhado em Moscovo dos militares soviéticos, Gorbachev cedeu o governo a Boris Yeltsin e este chamou Putin em 1999 para primeiro-ministro e, depois, presidente em 2000.

A história continuou.  Entre 1999 e 2017 a NATO incorporou países da Europa central e de leste, muitos deles antigos países soviéticos: Chéquia, Hungria, Polónia, Eslováquia, Bulgária, Estónia, Letónia, Lituânia, Roménia,  Albânia, Croácia e Montenegro.  Em particular com a declaração de Bucareste, 2008, houve um apoio à adesão à NATO da Geórgia e a Ucrânia. A França voltou à NATO militar em 2009.

O povo ucraniano surpreendeu o mundo com as manifestações da Praça de Maidan. Estas foram iniciadas a 21 de novembro de 2013 em protesto contra a imposição de Putin ao presidente Yanukovich de repudiar um acordo de associação à União Europeia. A revolta de Euromaidan alargou-se durante meses e com a Revolução da Dignidade em fevereiro de 2014 desencadeou a queda de Yanukovich; os novos governantes, entre os quais o presidente Poroshenko não conseguiram fazer a Ucrânia descolar economicamente.

Em fins de fevereiro de 2014 Putin invade a Crimeia que considera “terra santa russa” com “os homenzinhos verdes” – militares russos sem insígnias – apanhando desprevenida a Ucrânia. Parte dos territórios de Donetz e Lugansk foram também ocupados por milícias russas. Nasce um conflito armado que, segundo relatórios de observadores da OSCE, causou cerca de 800 mortos em sete anos; 3/4 separatistas e ¼ ucranianos; não é um genocídio como diz a propaganda de Putin.

O conflito continuou, mas parecia localizado e debatia-se de quem era a “culpa”; se da Rússia que queria regressar à sua república ex-soviética e tinha meios e apoios no terreno, em particular no Donbass e Crimeia; se do Ocidente que queria a Ucrânia na sua esfera de influência.

Em Julho de 2021, Putin publicou um artigo oficial em que nega a Ucrânia como nação e se queixa do alargamento da NATO e do cerco à Federação russa. A partir de Novembro, forças militares russas deslocam-se para as fronteiras da Ucrânia, até atingirem entre 150 a 200 mil homens no inicio de 2002. Destes, 40 mil vão em manobras para a Bielorrússia, alguns colocados a 70 km de Kiyv. Ambientalistas não eram com certeza. Na semana de 16 a 23 de fevereiro cresceram exponencialmente incidentes e explosões no Donbas.

Foi então que em 24 de fevereiro veio a invasão de “surpresa”. Os serviços de informação americanos e o presidente Biden tinham divulgado avisos prévios que a invasão seria a partir de 16 de fevereiro. Terão recebido informação das estruturas russas de segurança e defesa, que podem estar agora na mira das purgas anunciadas por Putin a 17 de março, tanto quanto o “nevoeiro da guerra” e a “diplomacia secreta” permitem ver. Mas a resistência do povo ucraniano foi a outra grande surpresa que fez a diferença e conquistou o coração dos amigos da liberdade em todo o mundo.

No dia de hoje, confirma-se que as forças ucranianas continuam a contra-atacar na frente de Kyiv, no que já se chama a batalha de Irpin, libertando núcleos suburbanos e aliviando a pressão sobre a capital. O potencial russo de ataque continua a ser reforçado, sendo que a proporção de forças continua pesadamente em seu favor.

No porto de Berdiansk, no mar de Azov, mísseis balísticos ucranianos afundaram um navio russo com armas e suprimentos para os sitiantes de Mariupol e o fogo alastrou a outras embarcações, depósito de munição e terminal de combustível.

Amanhã é outro dia.

Mendo Henriques

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